Uber Eats, iFood e Rapp tomarão praças de alimentação dos shoppings, prevê sindicalista Valdir de Souza Pestana

Em breve, as praças de alimentação dos ‘shoppings’ serão tomadas por entregas dos aplicativos Uber Eats, Rapp e iFood, em prejuízo de seus restaurantes e lanchonetes.

“Os lojistas que se preocupem”, diz o presidente da federação dos trabalhadores em transportes rodoviários do estado de São Paulo (Fttresp), Valdir de Souza Pestana.

Ele prevê que as empresas começarão a entregar refeições de menor preço aos comerciários e também a clientes dos shoppings, “numa concorrência desleal”.

“Bicicleta de entregador não paga estacionamento”, lembra Pestana, que também preside o sindicato dos rodoviários de Santos e região. “E as praças de alimentação são confortáveis”.

O sindicalista pondera que as praças são públicas, tem ar-condicionado, guardanapos e às vezes até ‘wifi’ gratuito, além de banheiros limpos, “tudo mantido pelos lojistas”.

“Infelizmente, os donos de restaurantes e de franquias, que pagam altos impostos e aluguéis, poderão ser derrubados por aplicativos gringos, com bandeiras de bancos internacionais”, lamenta.

Evasão de divisas

Pestana acha ainda que a crescente utilização de aplicativos como o norte-americano Uber tende a destruir o transporte público e o sistema de táxis, “o que mais tarde acabará prejudicando os usuários”.

Trata-se de um serviço que provoca também evasão de divisas para o exterior, congestionamento de trânsito, poluição ambiental e precarização de mão de obra, diz ele.

O despertar da categoria

Como a Fttresp representa os sindicatos de ‘motoboys’ entregadores registrados em carteira pela consolidação das leis do trabalho (clt), Pestana defende o mesmo registro para o pessoal de aplicativos.

Ele considera que os trabalhadores de aplicativos estão certos ao iniciar, em várias cidades e capitais de estados brasileiros, movimentos por melhores salários e condições de trabalho.

Na terça-feira (4), por exemplo, dezenas de entregadores protestaram em Londrina (PA), na Avenida Higienópolis, por trabalhar sem vínculo empregatício.

“Além de utilizar veículos próprios, esse pessoal trabalha sem nenhuma segurança”, lamenta o sindicalista. “Como os prazos de entrega são curtos, são obrigados a trafegar em alta velocidade”.

O presidente da Fttresp contabiliza “uma lista interminável de acidentes envolvendo essa categoria, além de roubos e assaltos de que são vítimas, sem contar o desgaste dos veículos”.

Sentença lamentável

Pestana lamenta ainda a sentença da juíza Shirley Aparecida de Souza Lobo Escobar, da 37ª vara do trabalho de São Paulo, que julgou improcedente uma ação civil pública em defesa dos entregadores.

A ação reivindicava o reconhecimento de vínculo empregatício entre o iFood e os entregadores. “Os direitos trabalhistas”, finaliza o sindicalista, “são triturados diariamente”.

Seja o primeiro a comentar

Faça um comentário

Seu e-mail não será publicado.


*