Projeto no México expõe relações desiguais entre jornalistas locais e correspondentes internacionais

KATHERINE PENNACHIO - LATAM JOURNALISM REVIEW, KNIGHT CENTER FOR JOURNALISM IN THE AMERICAS

A dinâmica da colaboração desigual entre jornalistas locais no México e correspondentes internacionais está se tornando cada vez mais evidente, de acordo com uma pesquisa que incluiu 35 depoimentos de jornalistas que trabalharam como fixers [jornalistas locais que apoiam a mídia estrangeira em suas reportagens] no país.

Essa pesquisa fez parte do projeto Fixing Journalism, que não apenas busca publicar as experiências de jornalistas locais, mas também criou um guia de recomendações para aqueles que desejam se tornar fixers ou contratar esse serviço em qualquer parte do México.

“O projeto busca mudar a dinâmica desigual no jornalismo internacional, em que jornalistas principalmente do hemisfério Norte contratam jornalistas do Sulpara serem fixers, muitas vezes sem remuneração decente e sem lhes dar o devido crédito”, diz a equipe do Fixing Journalism em seu site.

Projeto Fixing Journalism

Alicia Fernández, jornalista mexicana e coordenadora do Fixing Journalism, disse à LatAm Journalism Review (LJR) que o projeto começou a tomar forma durante a pandemia, e que a equipe trabalhou por cerca de dois anos para concretizá-lo.

“Em 2019, em Ciudad Juárez, um jornalista [da National Geographic] foi baleado enquanto fazia uma entrevista relacionada ao crime organizado. Isso chamou nossa atenção, especialmente porque não havia pessoas locais com eles”, explicou Fernández.

Segundo Fernández, “desde esse evento, Andalusia K. Soloff [fundadora do Frontline Freelance Mexico e co-coordenadora do Fixing Journalism] e eu iniciamos um debate sobre os riscos que fixers correm e como podemos nos proteger nessas situações”.

O site Fixing Journalism foi lançado em novembro e faz parte do Frontline Freelance Mexico.

Ele foi financiado pelo Fundo de Resiliência da Iniciativa Global contra o Crime Organizado Transnacional e apoiado pelo Frontline Club Charitable Trust e pelo Frontline Freelance Register.

Jornalistas locais e correspondentes

Fernández disse que a ideia inicial era fazer um livro para compilar todos esses depoimentos de fixers mexicanos e também dar oficinas de treinamento.

Entretanto, de acordo com as fundadoras do projeto, um livro as limitava a publicar apenas em um idioma e em um número específico de exemplares.

“Essa ideia de fazer um livro se transformou na criação de um site onde poderíamos colocar todas essas histórias, e não apenas apresentar o problema, mas também apresentar uma proposta.

Não queríamos apenas apontar [o problema], mas propor, e foi assim que surgiu o guia de recomendações”.

Os fixers são pessoas ou jornalistas locais que trabalham nos bastidores ajudando os jornalistas correspondentes estrangeiros a fazer seu trabalho e atingir seus objetivos.

Suas tarefas podem ser variadas: cuidar do transporte, agendar hoespedagem, atuar como intérpretes, garantir acesso a entrevistas ou a locais, entre outras.

Seja o primeiro a comentar

Faça um comentário

Seu e-mail não será publicado.


*