Por um jogo limpo, em prol da sociedade

* Whelliton Silva, ex-atleta de futebol e advogado, é vereador em Praia Grande (PL)

Tenho 50 anos, e fui jogador de futebol por longos treze, em uma carreira que, modéstia à parte, foi pontuada por conquistas importantes. Atuei pelo time mais importante da Baixada Santista, o glorioso alvinegro praiano, pelo Flamengo e em outros clubes, e em uma rica experiência profissional e pessoal, quando vivi em Portugal conquistamos o título nacional inédito da primeira divisão daquele país pelo Boavista.

O futebol é terreno de emoção e de disputa, mas é muito mais que isso. Participar do seu mundo ou acompanha-lo faz refletir sobre a vida e as relações.

Eu aprendi que, para além do talento – fundamental, muitas vezes decisivo – ou mesmo da sorte, têm sucesso aqueles que se esforçam e buscam o bem coletivo.

Com a memória dolorosa da eliminação da seleção na Copa, acho interessante pensar que jogar em prol de todos traz resultados, vitórias, títulos. A história do futebol mostra isso!

Mas não quero falar sobre o futebol neste texto senão como uma grande metáfora.

E fiz essa introdução para convidar o leitor a uma reflexão. Eu quero usar uma experiência pessoal, de tentativa torpe de atacar minha reputação e os danos que trouxe à minha família – dos quais ainda vamos demorar a nos recuperar – para refletir sobre o meio político, dado o ofício que exerço hoje, vereador que sou em Praia Grande.

Minha esposa Janaina e eu fomos difamados, sofremos uma acusação das mais graves que podem ocorrer nos dias de hoje. Uma moradora de Praia Grande registrou em junho um boletim de ocorrência em que afirmava ter sido estuprada, por mim e minha esposa!

Fez a falsa acusação 72 dias depois do alegado fato, denúncia que teve o arquivamento pedido pelo próprio Ministério Público dado que havia “mínimos indícios de materialidade” nas afirmações que ela fez. O que foi aceito pelo juiz do caso: determinou o arquivamento da acusação. Sem saída para a sustentação de sua falsa denúncia, a mulher voltou atrás.

Uma história dessa natureza, algo que é chocante por si só de se imaginar, teve lances terríveis. Não só por tentar destruir nossa honra. Lances de manipulação dos fatos. De subversão da lógica. Lances de mentiras empilhadas em mentiras. De tentar usar a fé e o escrutínio da sociedade sobre um mandato público com fundamento em uma falsa acusação. Lances de se usar as ambições de uma pessoa, combinadas com uma invencionice irresponsável, para atacar um adversário político.

Não me alongarei no desmonte da denúncia – per se inepta e ausente de qualquer base factual – já que corre segredo de Justiça uma apuração dos motivos que levaram a ser feita e porque, como mencionei parágrafos acima, quero a partir do caso convidar o leitor a uma reflexão.

Uma reflexão sobre o ambiente político que queremos, sobre a interface entre agentes públicos e a sociedade e sobre qual o nosso papel de vereadores. Qual é o papel de um vereador?

Quem patrocinou ou participou disso não pensava na saúde de Praia Grande, na educação das crianças da nossa cidade. Não pensava na segurança pública ou na eficiência administrativa do município. Também não pensava na busca de instrumentos para potencializar o desenvolvimento da cidade, o turismo ou o nosso setor de serviços. Tampouco se preocupava com a dívida do município ou de um legislativo operando com mais transparência ou eficiência.

Não… Essa trama se moveu a partir de condutas e interesses muito pequenos. Inaceitáveis. Graças a Deus, até o momento vem sendo feita a Justiça – dada a decisão do juiz do caso e o arquivamento também de comissão criada na Câmara a partir da falsa acusação. Que siga assim. Se não se recuperam do dia para a noite os danos que minha esposa, nossos dois filhos e eu sofremos, a aflição absoluta de nos vermos atacados em algo de tanta gravidade, que as razões legais e a correção se imponham ao caso.

Quero também agradecer a resiliência de Janaína e nossos filhos, a fé e a nossa união.

E como afirmei em entrevista à imprensa, reitero que seguirei trabalhando, oferecendo meu mandato à discussão daquilo que Praia Grande precisa. E que a sociedade e o senso comum indicam a necessidade de se proteger integralmente a mulher que seja vítima de violência, de qualquer forma de violência. Mas é inaceitável que esse conceito seja distorcido para uma acusação falsa e com objetivos políticos.

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