Gaeco denuncia 3 pessoas após deflagração da quinta fase da Operação Sevandija

Na quinta fase da Operação Sevandija, batizada de Operação Callichirus, o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) ofereceu denúncia contra o ex-superintendente do Departamento de Água e Esgoto de Ribeirão Preto (Daerp) e ex-secretário de Administração Municipal Marco Antônio dos Santos e mais duas pessoas por crimes de lavagem de valores e falsificação de documentos. Tribunais superiores determinaram as solturas dos réus, com a exceção de Santos, que permanece preso.

A Operação Callichirus foi deflagrada em 13 de novembro pelo Gaeco e Polícia Federal de Ribeirão Preto, para cumprir mandados de prisões e de buscas relacionados ao repasse de propina de uma grande empresa de saneamento do setor privado para Santos, além de mirar no envolvimento de outras pessoas que lavaram dinheiro obtido nesse esquema.

Na ocasião, foram cumpridos cinco mandados de busca e apreensão, dois de prisão preventiva e dois de temporária, nas cidades de São Paulo, Mauá, Indaiatuba e Santa Bárbara D’Oeste. Houve ainda buscas na sede da empresa de saneamento e no endereço de empresa fantasma. Durante as buscas, foram apreendidos documentos, anotações, aparelhos celulares, equipamentos de informática que poderão demonstrar outros caminhos dos valores ilícitos e novos fatos criminosos. A 4ª Vara Criminal de Ribeirão Preto determinou bloqueio de valores e de um flat em São Paulo, bem como dos pagamentos decorrentes de seu aluguel, além de valores restantes da propina nas contas das empresas. Também foi determinada a quebra de sigilos bancários dos envolvidos.

Santos e pessoas ligadas à empresa de saneamento já respondiam, desde setembro de 2016, a processo criminal no âmbito da Operação Sevandija, por organização criminosa, fraude em licitação, superfaturamento em contratos assinados com a autarquia municipal, que somam mais R$ 68 milhões e pagamento de propinas. A empresa de saneamento havia se utilizado de outras empresas e contratos fictícios para passar dinheiro de propina para uma outra empresa, da qual eram feitos saques em dinheiro e entregues em espécie para o então superintendente do Daerp, considerado “homem forte” da Prefeitura de Ribeirão Preto.

A análise da execução do contrato realizado pelo Daerp em 2017 revelou que foram pagos ao menos R$16 milhões à empresa de saneamento por obras não executadas. Ao final, a empresa recebeu R$ 58 milhões em função do contrato fraudulento. Com o prosseguimento das apurações, detectou-se que a empresa continuou a repassar propina ao ex-superintendente do Daerp, mesmo estando ele preso.

As novas investigações revelaram que Santos recebeu outros R$ 2 milhões de propina, sendo mais de R$ 1 milhão somente após a deflagração da primeira fase da Sevandija, inclusive com pagamentos até janeiro de 2018, todos realizados diretamente pela empresa de saneamento por meio de uma empresa de fachada, criada por pessoa de confiança do ex-secretário.

Parte dos valores foi aplicada em um apartamento em Riviera de São Lourenço, em Bertioga, negociado a R$ 1,6 milhão. Depois da Sevandija, no início de 2017, para evitar que fosse rastreado o dinheiro, o mesmo imóvel foi revendido e trocado por um flat em São Paulo, no valor de R$ 1,1 milhão. O restante foi pago em dinheiro e cheques. Além disso, o apartamento de São Paulo foi utilizado como garantia para levantar R$ 200 mil em empréstimo bancário.

O Gaeco e a Polícia Federal irão prosseguir com a análise dos objetos apreendidos, além de aguardar dados bancários para rastrear o dinheiro desviado.

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