Um levantamento realizado pelo Centro de Inteligência em Médias Empresas da Fundação Dom Cabral (FDC) revelou um aumento significativo nos pedidos de recuperação judicial por médias empresas, com base em dados do Serasa. Entre 2021 e 2022, houve um crescimento de 8,6%. Em 2023, o número de pedidos aumentou 54,7% em comparação a 2022.
De acordo com o estudo Radar de Mercado, vários fatores explicam o aumento nos pedidos de recuperação judicial no Brasil. Entre eles, estão as elevadas taxas de juros, que elevaram o custo das dívidas e reduziram as margens de lucro das empresas, dificultando o acesso ao crédito e causando problemas na cadeia de suprimentos. Outro fator crucial foi o aumento da inadimplência tanto de consumidores quanto de empresas. Além disso, a Lei 14.112/2020, que entrou em vigor em 2021 e alterou a Lei 11.101/2005, trouxe mudanças nas regras de recuperação e falência.
O CGO da LGK Gestão e Governança, associada à Fundação Dom Cabral, Rogério Martins, destaca outro fator que se mantém constante ao longo dos anos: “Esse fator persiste independentemente do cenário externo à organização e é a baixa maturidade de gestão das empresas. É exatamente nesse ponto que devemos atuar fortemente, pois uma empresa bem gerida e atenta às mudanças de cenário consegue sobreviver com relativa segurança e, consequentemente, se manter no mercado.”
Foram analisados dados de 8.805 empresas com faturamento entre R$ 4,8 e R$ 300 milhões no período de 2021 a 2023. De acordo com o Radar de Mercado, estima-se que existam cerca de 74 mil empresas de médio porte no Brasil, o que representa aproximadamente 0,89% do total de empresas no país. Apesar de seu número relativamente pequeno, as médias empresas são responsáveis por 18,62% de todos os empregos e por 25,14% de todos os salários pagos.
“Apesar dessa significativa importância, muitas vezes as médias empresas não são o foco de entidades ou políticas públicas voltadas para apoiar seu desenvolvimento. Entre os diversos desafios enfrentados pelos negócios brasileiros, a dificuldade de acessar dados financeiros e de performance das médias empresas se destaca como um obstáculo adicional para os executivos”, explica Eduardo Menicucci, professor associado da Fundação Dom Cabral e líder da pesquisa.
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