Em reunião virtual na tarde de sexta-feira (25), dirigentes sindicais dos motoristas e outros trabalhadores de empresas municipais e intermunicipais de ônibus decretaram ‘estado de greve’. As paralisações poderão atingir a capital e outras cidades do interior e litoral, onde trabalham mais de 200 mil motoristas, cobradores, fiscais, orientadores, pessoal de manutenção e administrativo.
A reunião foi convocada pelo presidente da federação dos trabalhadores em transportes rodoviários do estado (Fttresp), Valdir de Souza Pestana, que também preside o sindicato de Santos. Segundo ele, o sindicato patronal das empresas de transporte de passageiros no estado (Setpesp) está irredutível nas negociações, querendo mudar a data-base de maio para novembro.
Paralisações por empresas
“Além de não apresentar nenhum índice de reajuste, nem mesmo a reposição das perdas inflacionárias, os empresários chegam ao cúmulo de propor a revogação de direitos”, reclama o sindicalista.
Pestana explica, por exemplo, que algumas empresas querem transformar a participação nos lucros ou resultados (plr), garantida por legislação federal, em abono.
A campanha salarial unificada seria debatida em plenária presencial na quinta-feira da semana passada (17), na capital, mas o encontro foi adiado por risco de boicote por parte de setores ligados às empresas.
Na reunião desta sexta-feira, o presidente da federação propôs, e os participantes aprovaram, que a paralisação comece por empresas sorteadas ou escolhidas entre as que atrapalham as negociações.
Terça-feira importante
O futuro do movimento dependerá da próxima reunião da Fttresp com o Setpesp, na manhã de terça-feira (29). O resultado será avaliado em nova reunião virtual dos sindicalistas, no mesmo dia, às 15 horas.
Também na terça-feira, haverá assembleia no maior sindicato da categoria, o dos condutores da capital paulista, cujo resultado terá forte impacto na campanha salarial unificada.
“Se os empresários estão unidos para fazer com que os trabalhadores paguem sozinhos a conta da crise econômica, social e política do país, é bom lembrarem que nós estamos mais unidos ainda”, disse Pestana.
O sindicalista calcula que, com as greves pontuais ou com uma que atinja todo o estado, o caso irá parar na justiça, nos dois tribunais regionais do trabalho, um na capital e outro em Campinas.
‘Compliance’ nos tribunais
“E aí a situação ficará complicada para as empresas. Se temos quatro benefícios que podemos perder, eles têm o dobro ou quase o triplo, pois faremos de tudo para colocar fiscalizações nas empresas”.
Pestana citou que um dos temas a ser levado aos tribunais é o ‘compliance’, conjunto de leis, regras e regulamentos que devem ser respeitados pelas empresas, entre elas as de transporte coletivo.
Ele ponderou que o desrespeito aos dispositivos englobados no ‘compliance’, ainda que acidental, pode levar a pesadas multas e sanções legais, além da perda de reputação.
“Podemos questionar, por exemplo, a aplicação de recursos na bolsa de valores que deveriam ser direcionados às atividades-fim dessas empresas, além de outros tantos pontos”.
“A luta vai esquentar”, disse Pestana. “A maldade dos empresários será enfrentada. Querem peitar? Temos unidade e força para enfrentá-los. Na justiça, acabarão perdendo mais que nós”.
Faça um comentário