Complexo Andaraguá é um dos maiores projetos de logística do Brasil

Modal com conceito de cidade aeroportuária, presente nos países mais desenvolvidos do mundo, chega ao Brasil para trazer velocidade, agilidade e conectividade aos processos logísticos. Empreendimento será erguido em área de 12 milhões de metros quadrados na Baixada Santista

A região da Baixada Santista abriga o maior porto da América Latina, o Porto de Santos. O modal impulsiona o desenvolvimento das cidades do litoral de São Paulo e conecta o Brasil com o mundo. Diante da demanda logística atual, foi pensado para a região um dos maiores projetos do País: a criação de uma cidade aeroportuária. O Complexo Andaraguá é uma aerotrópole, com pista de 2,6 quilômetros e um condomínio industrial para abrigar 212 galpões. O empreendimento detém uma área de 12 milhões de metros quadrados — dos quais ocupará 2 milhões. O espaço fica localizado no bairro Andaraguá, em Praia Grande, às margens da Rodovia Padre Manoel da Nóbrega, perto da divisa com São Vicente.

Em entrevista ao Jornal OR8, o CEO do Complexo Andaraguá, André Ursini, fala sobre o conceito de cidade aeroportuária, que existe nas principais cidades do mundo e como estes novos espaços trazem velocidade, agilidade e conectividade para a logística e a economia em todo o mundo. Somente na Baixada Santista, o empreendimento pode gerar 2,5 mil empregos diretos, durante a fase de obras. O total do investimento beira R$ 1 bilhão e é estimada a criação de 17 mil novos postos de trabalho na operação de todo complexo. A entrevista foi concedida em 24 de agosto.

Jornal OR8 (R 8 ): Como foi idealizado o Complexo Andaraguá — aeroporto de cargas, terminal logístico e empresarial? Qual a finalidade?

André Ursini (AU): O Complexo Andaraguá começou a ser idealizado em 2007, quando percebemos a necessidade de se trazer para próximo do Porto de Santos o conceito de aeroporto indústria, que logo se traduziu em plataforma logística multimodal para agregar valor nos serviços e gerar receita, se transformando em um dos maiores projetos logísticos do Brasil. Com base em pesquisas e conhecimento técnico, diversos profissionais se empenharam em construir um projeto utilizado no mundo como Aerotrópole, ou seja, toda a infraestrutura e a economia estão centrados em um aeródromo que serve como núcleo comercial com interligação multimodal a partir da cidade aeroportuária.

R8: Qual o diferencial deste empreendimento para a Região da Baixada Santista?

AU: Reunir todos os serviços dentro de um único complexo, importação e exportação de mercadorias, armazenagem, produção, distribuição, e, beneficiamento final do produto pronto. Será um Complexo com capacidade de produção de produtos oriundos de mercadorias que hoje simplesmente passam pelo Porto e não geram receita de valor agregado.

R8: Por que a Baixada Santista precisa de um modal como este?

AU: O Estado de São Paulo precisa. O porto de Santos recebe e exporta matéria prima para diversos lugares do mundo, e no Complexo estas atividades poderão agregar valor no beneficiamento e exportar para diversos países.

R8: O Complexo Andaraguá pode desafogar o trânsito que se forma no entorno do Porto de Santos, na época de safras?

R8: O Complexo Andaraguá tem projetado uma grande pista ferroviária que certamente aliviará os congestionamentos das safras, servindo como pátio regulador, além de dar velocidade na carga e descarga, objetivando reduzir o custo do frete ferroviário.

R8: Quais outros benefícios do Complexo Andaraguá para economia regional?

AU: Diretamente o empreendimento impacta no Produto Interno Bruto (PIB) de cinco cidades: São Vicente, Praia Grande, Mongaguá, Itanhaém e Peruíbe. Estes municípios terão um incremento de impostos indiretos, oriundos do comércio local e da prestação de serviços. Isso ainda em decorrência dos 17 mil novos empregos que serão gerados a partir da operação do Complexo, resultando em uma mudança no perfil socioeconômico destas cidades.

R8: Em termos nacionais, existe outro empreendimento como este?

AU: Em termos nacionais, a consolidação da primeira Aerotrópole (conceito de cidade aeroportuária) da América do Sul vem avançando em Minas Gerais, tendo como ponto de partida o Aeroporto Internacional Tancredo Neves (AITN), e tende a mudar a lógica e dinâmica econômica da Região Metropolitana de Belo Horizonte. Um projeto que começou a ser desenhado bem depois do Andaraguá, mas por ter o apoio direto do Governo do Estado, conseguiu mais rapidamente obter as licenças necessárias para o seu funcionamento.

R8: E no mundo inteiro, como está esse conceito de cidade-aeroportuária?

AU: Atualmente existem 24 aerotrópolis em todo o mundo e outras 31 em desenvolvimento. Os empreendimentos mais avançados são: Amsterdam Schiphol (Holanda), Hong Kong, Incheon (Coreia do Sul), Dubai (Emirados Árabes Unidos) e Chicago O´hare, Dallas Ft Worth, Washington Dulles e Memphis, nos Estados Unidos. Um terço de todos os bens do mundo, o que equivalente ao valor de ou US $1 trilhão, viajam através do ar. Países como China, Índia, Coréia do Sul vêm investindo maciçamente em seus aeroportos e aerotrópolis como ferramentas competitivas para o comércio e as relações mundiais. O E-commerce precisa cada vez mais estar integrado com plataformas dos maiores marketplaces, pois o sucesso da venda de mercadorias está diretamente ligado à confiança na aquisição e, obviamente, à entrega do produto.

R8: Como o Complexo Andaraguá pode contribuir com o desenvolvimento da logística brasileira?

AU: Integrando o porto de Santos aos grandes complexos portuários mundiais que tem no seu entorno em aeródromo, colocando os modais portuários, ferroviários, rodoviários e aéreo na mesma sincronia de produção.

R8: Dentro do conceito de cidade aeroportuária, há instalações comerciais, industriais e condomínios logísticos. Já existem empresas para ocupar os condomínios e operar no Andaraguá?

AU: Diversas empresas já nos procuraram, inclusive algumas multinacionais que ainda não conseguiram se posicionar no Brasil, em um local estratégico, próximo ao maior mercado consumidor brasileiro, a grande São Paulo. Mas, a comercialização dos espaços só ocorrerá quando do final de todas as liberações, sejam ambientais, municipais e federais.

R8: Em termos sociais, o Andaraguá deve gerar mais de 17 mil empregos na Região. Qual é o reflexo disto?

AU: A partir do momento que se eleva o perfil socioeconômico de uma região, você começa a transformar toda a sociedade. A perspectiva de um futuro melhor gera um ânimo de qualificação, de ter algo mais no seu currículo que o leve à contratação, e, principalmente, começam a surgir novos projetos no entorno.

R8: E sobre a responsabilidade com o entorno da operação, quais são os planos do empreendimento?

AU: Eu realizei ao longo desses anos, 22 audiências em toda região, sentindo a carência, as necessidades, os problemas e a visão de futuro dos moradores da Baixada. Isso me fez aumentar a responsabilidade que iremos lidar com a qualificação, com a oportunidade do primeiro emprego, e com aquelas pessoas que residem no entorno.

R8: Há preocupação com a sustentabilidade no projeto? Qual será a contrapartida do Complexo Andaraguá nestes termos e o que haverá de sustentável na operação?

AU: O Complexo Andaraguá tem como seu lema o “Compromisso com a Vida”. A sustentabilidade estará sempre ao lado, em igualdade com os interesses econômicos. Ocuparemos apenas 19% de toda área que temos, preservamos no próprio local 81% de toda área, e, da área que será utilizada, temos a obrigação direta de adquirir uma área semelhante em vegetação e doar ao governo do Estado de São Paulo. Somos signatários do Pacto Global da ONU – Organização das Nações Unidas que é uma chamada para as empresas alinharem suas estratégias e operações aos dez princípios universais nas áreas de Direitos Humanos, Trabalho, Meio Ambiente e Anticorrupção e desenvolverem ações que contribuam para o enfrentamento dos desafios da sociedade. É hoje a maior iniciativa de sustentabilidade corporativa do mundo, com mais de 16 mil membros, entre empresas e organizações, distribuídos em 69 redes locais, que abrangem 160 países. Temos regras claras de compliance, que é o conjunto de disciplinas a fim de cumprir e se fazer cumprir as normas legais e regulamentos, as políticas e as diretrizes estabelecidas para o negócio e para as atividades da instituição e da empresa, bem como evitar, detectar e tratar quaisquer desvios ou inconformidades que possam ocorrer.

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