Combate ao trabalho infantil ganha é tema do “Canal Direto com a Prefeitura de Araraquara “

Thales de Almeida Nogueira Cervi, psicólogo e técnico de referência do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti), abordou o tema na edição nesta terça-feira (13)

O combate ao trabalho infantil em Araraquara foi o tema abordado na edição nesta terça-feira (13) do “Canal Direto com a Prefeitura”, programa produzido pela Secretaria Municipal de Comunicação. Para falar sobre o assunto, foi convidado o psicólogo Thales de Almeida Nogueira Cervi, que é técnico de referência do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti).

O convidado falou sobre os fatores que caracterizam o trabalho infantil. “Existem diversas formas e atividades que são entendidas como trabalho infantil. Nos acostumamos, infelizmente, a ver no município, por exemplo, crianças e adolescentes vendendo doces e balas nas ruas, nos comércios, crianças em alguns empreendimentos, em alguns locais comerciais, na agricultura familiar, e tudo isso pode ser entendido como trabalho infantil. Até o trabalho doméstico é entendido como trabalho infantil, dependendo da caracterização. Lógico que é importante ensinarmos para as crianças que elas precisam cuidar da casa, questões de organização e de higiene, mas se isso está afetando a criança no tempo de lazer, de convívio familiar, de interação, de acesso à educação, de frequentar a escola, isso também pode ser entendido como uma forma de trabalho infantil. Então algumas crianças ficam responsabilizadas por esse tipo de cuidado. E tem também o que entendemos como as piores formas de trabalho infantil, que atentam contra a moralidade, a segurança, a saúde de crianças e adolescentes, que podemos entender como venda de drogas, como a exploração sexual, que é um problema mais grave que precisamos enfrentar”, explicou.

Thales mencionou as ações desenvolvidas em Araraquara para combater essa prática. “Encerramos nesta segunda-feira uma campanha de 25 dias de enfrentamento à violência contra a criança e adolescente e tivemos um fórum para tratar especificamente sobre a situação do trabalho infantil. No período da manhã, tivemos um momento de formação de atores da rede, profissionais, com várias pessoas que trabalham com isso. E no período da tarde tivemos uma ação com adolescentes mesmo. Mas ao longo da campanha, que começou no dia 18 de maio, que é o ‘Dia do enfrentamento à violência e exploração sexual de crianças e adolescentes’, até o dia 12, fizemos uma série de grupos de trabalho, de atividades, cards informativos para discutir a questão da violência contra a criança e adolescente de uma maneira geral e também especificamente nesse tema do trabalho infantil. Conseguimos ter um diálogo bem legal com a comunidade, com a população e agora vamos levantar demandas para continuar nesse enfrentamento”, assegurou.

Ele salientou a importância do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil. “Ele vai monitorar todas essas situações de trabalho infantil no município. Vamos levantar programa, fazer atividades, palestras, formação e também encaminhamentos necessários para diversos locais da rede que temos pra enfrentar isso. Temos, por exemplo, o programa Filhos do Sol, que acolhe adolescentes e tem espaço de formação, tem uma bolsa para que a família consiga ter alguma estrutura financeira para conseguir garantir esse acesso para as crianças e para os adolescentes”, mencionou.

Para Thales, a participação da sociedade é fundamental no combate ao trabalho infantil. “O primeiro ponto que precisamos entender é que a sociedade civil, de uma maneira geral, também é responsável pelas crianças e adolescentes do nosso município. O legal é que sempre estejamos conscientes e possamos conscientizar e sensibilizar os outros da importância de cuidar dessas crianças e adolescentes. Precisamos alertar sobre o quanto pode ser prejudicial quando uma criança está em situação de trabalho infantil, o quanto isso pode prejudicar o desenvolvimento dela. Uma vez identificada, temos vários canais pra fazer isso. Podemos, por exemplo, acessar o Conselho Tutelar, que é um órgão de garantia de direitos das crianças e dos adolescentes. Podemos buscar no Disque 100, que é um número voltado para combater a violação de direitos humanos. Podemos fazer esse tipo de denúncia em relação ao trabalho infantil e, claro, também procurar espontaneamente alguns órgãos da assistência social para relatar algum tipo de situação dessa natureza, por exemplo o CREAS, que é o Centro de Referência Especializado de Assistência Social, que fica na Avenida 16 e atende famílias que estão nessa condição, que tem crianças, adolescentes, em situação de trabalho infantil. Eles podem acolher essa demanda, conversar, dar as orientações necessárias e aí as famílias e os adolescentes que tiverem essa condição vão ter um acompanhamento mais continuado dali para frente”, acrescentou.

Ele afirmou que existe também um trabalho voltado para recuperar a auto-estima da criança que passou pelo trabalho infantil. “Precisamos nos atentar que as sequelas são mais difíceis de tirar quando falamos do adolescente e da criança. O que fazemos muitas vezes é atenuar as consequências que elas têm dessa situação. Uma vez identificado e acompanhado pelos órgãos competentes, vai haver um acompanhamento familiar que vai identificar que demanda dessa família faz com que a criança esteja em situação de trabalho infantil. Por exemplo, às vezes é uma falta de orientação, de conhecimento sobre o prejuízo que o trabalho infantil causa. Às vezes é uma vulnerabilidade financeira e nesse caso temos outros programas para serem inseridos, como o Bolsa Família e o Bolsa Cidadania daqui de Araraquara, assim como o PIIS, daqui de Araraquara também. São programas que podem dar algum tipo de sustentação no sentido material, financeiro e de formação também. Podemos identificar questões de saúde a serem trabalhadas e nesse caso temos equipamentos no município para tratamento, para acompanhamento psicológico de crianças e adolescentes que podem ser encaminhados. Tudo isso vai depender da situação da família que causou a situação de trabalho infantil. Então esse será um acompanhamento singular, mas de qualquer forma, temos um acompanhamento sistemático de vários equipamentos para dar a orientação e o direcionamento necessário que aquela família vai precisar”, concluiu Thales.

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