Capital e interior do estado poderão ficar sem transporte em 21 de junho

O transporte municipal, intermunicipal e interestadual de passageiros poderá ficar paralisado, em 21 de junho, plena segunda-feira, na capital paulista e demais 644 municípios do interior e litoral do estado.

Representantes dos motoristas e outros profissionais das empresas de ônibus anunciaram, nesta quinta-feira (27) o que batizaram de ‘parada por comida no prato e botijão de gás’.

Em reunião virtual à tarde, os sindicalistas da federação e de alguns dos principais sindicatos de trabalhadores em transportes rodoviários do estado avaliaram as campanhas salariais com data-base em maio.

O presidente da federação (Fttresp) e do sindicato de Santos, Valdir de Souza Pestana, coordenou o encontro e marcou nova reunião, ampliada, para às 10 horas de segunda-feira (31). Nessa reunião, eles pretendem definir 8 de junho, uma terça-feira, como o dia do ‘esquenta’ para a mobilização geral do dia 21, com assembleias de uma a duas horas em todas as garagens.

Há famílias passando fome

Isso porque as empresas de ônibus, de forma orquestrada, segundo Pestana, não querem negociar a renovação dos acordos coletivos de trabalho, postergando a data-base para o último quadrimestre do ano.

“Teve empresa que chegou ao cúmulo que propor a renovação do acordo em janeiro de 2022, sendo que, em 2020, não tivemos nenhum reajuste. Inaceitável”, reclama o sindicalista.

Da reunião  participaram representantes dos sindicatos da capital, Campinas, Guarulhos, Marília, Ribeirão Preto, São José do Rio Preto, Sorocaba e outras regiões.

Pestana pondera que o reajuste reivindicado, em torno de 10%, equivalente a 2,44% de 2020 e 7,59% de 2021, na média salarial equivalerá ao valor de dois botijões de gás de R$ 115 cada.

“A família rodoviária está quase passando fome”, aponta o presidente da federação. “Muitas já não conseguem pagar o aluguel, nem comprar comida e botijão de gás”.

Pagar na mesma moeda

Segundo Pestana, a falta de reajuste em dois anos e as reduções salariais impostas por legislação federal, compensatórias de diminuições nas jornadas, levam vários trabalhadores a receberem até R$ 540 por mês.

O sindicalista diz que as empresas do setor não tiveram prejuízos com a redução de atividades durante a pandemia. “Apenas deixaram de ganhar um pouco. Prejuízo mesmo tiveram os trabalhadores”.

O dirigente aponta que os empresários se articularam em nível estadual e adotaram a mesma postura de não renovar os acordos e jogar as datas-bases para o segundo semestre.

Pestana revela que os trabalhadores “pagarão na mesma moeda. Estamos nos organizando e mobilizando na mesma proporção e iremos buscar nossos direitos, custe o que custar”.

Capital

O diretor de comunicação do sindicato dos motoristas e trabalhadores em transporte da capital, Nailton Francisco de Souza ‘Porreta’, propôs as assembleias conjuntas no mesmo dia.

O sindicalista revelou que, na cidade de São Paulo, houve trabalhadores que tiveram redução de até R$ 1 mil nos vencimentos. “Exigimos negociações urgentes”.

Interestadual

Wilson Pereira dos Santos, diretor do sindicato dos rodoviários e setor diferenciado de São Paulo, ressaltou que as empresas interestaduais também não tiveram prejuízos e estão investindo em novos ônibus.

Segundo ele, uma das maiores do setor encomendou cerca de 300 novos veículos, ao preço de R$ 1 milhão 300 mil cada, num total de R$ 390 milhões, prevendo o reaquecimento do setor até o final do ano.

Wilson disse que outras encomendaram chassis e carrocerias com a mesma finalidade, estimando que a vacinação de 80% da população, até dezembro, estimulará as viagens interestaduais.

Guarulhos

O presidente do sindicato de Guarulhos, Orlando Maurício Júnior ‘Brinquinho’, revelou que os empresários da região querem transferir a data-base para novembro, “já anunciando que não darão nada”.

“Está assim em todas as cidades e por isso não podemos lutar individualmente. Nunca houve uma articulação nossa como neste ano e temos que aproveitar o momento de mobilização”.

Ribeirão Preto

O presidente do sindicato dos rodoviários de Ribeirão Preto, João Henrique Bueno, informou que a categoria está em greve contra o atraso no pagamento do vale-refeição.

Segundo ele, a justiça ordenou a circulação de 50% da frota, mas de nada adiantou, pois a cidade entrou em ‘lockdown’ (confinamento) nesta quinta-feira (28), junto com Franca.

Sorocaba

O presidente do sindicato dos rodoviários de Sorocaba, Paulo João Estausia ‘Paulinho’, informou que as empresas da região, em 43 municípios, querem protelar as negociações até agosto.

Rio Preto

O secretário-geral do sindicato dos rodoviários de São José do Rio Preto, Rogério Moraes, também reclamou que as empresas postergam as negociações.

Marília

O presidente do sindicato de Marília, Aparecido Luiz dos Santos ‘Cidão’, reclamou que as empresas da região só querem negociar em outubro. “É motivo para arregaçar as mangas e pararmos tudo”.

Vacinação

Os sindicalistas estão entusiasmados com o resultado da campanha que fizeram pela vacinação da categoria em todo o estado, com ameaça de ‘parada sanitária’ em 20 de abril.

“Nosso movimento deu certo, sensibilizou o governo estadual e agora queremos sensibilizar os empresários”, diz Pestana. “Vamos atrás do prato de comida e dos dois botijões de gás”.

Ele calcula que haja no estado 200 mil trabalhadores rodoviários, entre motoristas, cobradores, fiscais, pessoal de manutenção e administrativo, orientadores e outros profissionais.

O presidente da Fttresp adianta que eventuais alterações no calendário de lutas serão decididas na reunião de segunda-feira (31) e informadas aos trabalhadores nas assembleias de 8 de junho.

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