Campanha em São Paulo quer melhorar gestão de resíduos orgânicos

Investimento em compostagem, que é a reciclagem de resíduos orgânicos – como sobras de alimentos e poda -, pode contribuir para melhorar o acesso da população a alimentos mais saudáveis, a diminuir custos de produção de agricultores, além de reduzir danos ao meio ambiente. É o que defende a “Campanha São Paulo Composta, Cultiva”, iniciativa do Instituto Pólis e apoiada por mais de 54 organizações.

“O objetivo da nossa campanha é mobilizar a sociedade, mas principalmente os governantes na cidade de São Paulo para mudar o modelo de gestão dos resíduos orgânicos. Nossos resíduos são principalmente sobras de alimento e de jardinagem urbana. O modelo de gestão hoje é insustentável, que leva para o aterro e desperdiça todos os nutrientes desses resíduos”, disse o especialista em gestão de resíduos sólidos e compostagem Victor Hugo Argentino, um dos articuladores da campanha.

Ele explica que um modelo mais sustentável seria circular, em que haveria reaproveitamento de todas as sobras de alimentos e de poda, estimulando a agricultura orgânica e agroecológica. Para isso, a cidade precisa avançar na coleta seletiva dos resíduos orgânicos, além da melhoria da coleta dos resíduos secos.

Para Argentino, a cidade precisa ir além de separar o lixo em apenas dois tipos: o reciclável seco e o não reciclável. “Temos que separar em três frações na cidade inteira, tem que ter a coleta do que chamamos de orgânico compostável, o reciclável seco e o rejeito, e somente o rejeito tem que ir para o aterro sanitário, todos os outros devem ser desviados do aterro. Esse seria o principal passo para a gente avançar nessa economia circular dos resíduos orgânicos.”

A prefeitura de São Paulo, por meio da Autoridade Municipal de Limpeza Urbana (Amlurb), informou que disponibiliza o serviço de coleta seletiva de recicláveis domiciliar – dos chamados resíduos secos – porta a porta em 94 dos 96 distritos da cidade, cobrindo cerca de 76% das vias, nas 32 subprefeituras. “A prefeitura de São Paulo segue trabalhando para universalizar as demais vias que não possuem coleta seletiva”, disse o município em nota.

Além disso, a prefeitura confirmou que os resíduos orgânicos e aqueles não recicláveis são encaminhados para aterros sanitários que, segundo a prefeitura, têm garantias de proteção ao meio ambiente, evitando a contaminação do lençol freático, solo e dos rios. Em relação aos resíduos orgânicos, segundo estudo realizado pela Amlurb, entre 45 e 50% dos resíduos recolhidos na coleta domiciliar comum poderiam ter outro destino, que não o aterramento.

Para o especialista em gestão de resíduos, o segundo passo seria incentivar e estimular o desenvolvimento de unidades de compostagem e de digestão anaeróbia – para decomposição da matéria –, que são as soluções circulares para o resíduo orgânico na cidade de São Paulo e no seu entorno. “Esse estímulo [ocorre] das mais variadas formas, tanto pela proibição da queima e aterramento de resíduos orgânicos na cidade, como por exemplo Florianópolis fez, a Europa fez, diversas cidades dos Estados Unidos fizeram, quanto por meio de incentivos fiscais, tributários e outras formas econômicas”, disse.

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