
O presidente Xi Jinping, da República Popular da China, esteve no Brasil no último mês de novembro. Com a visita, o político se encontrou com o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, que abriu novas perspectivas para investimentos, importações e exportações entre os países, que comemoraram 50 anos de relação diplomática neste ano.
Durante a conversa, os governantes firmaram 37 acordos bilaterais, reforçando sua parceria estratégica, que visa alavancar setores importantes para ambos os países, como energia renovável, tecnologia, agronegócio e infraestrutura.
A parceria entre os dois países inclui esforços para simplificar barreiras comerciais e incentivar o acesso a tecnologias avançadas, impulsionando a competitividade no mercado internacional. Os destaques são o fortalecimento da cooperação em tecnologia da informação e comunicação, o que facilita a importação de insumos tecnológicos, como painéis solares, inversores e componentes relacionados à energia fotovoltaica.
Outro ponto de relevância é a promoção de inteligência artificial (IA), com a China compartilhando soluções desenvolvidas localmente para aplicação em telecomunicações, tecnologia nuclear, robótica e automação no agronegócio.
“Os investimentos chineses em energia solar e IA são um marco para o Brasil. Facilitar a entrada de painéis solares e de tecnologias avançadas pode não só reduzir custos, mas também trazer mais eficiência para diversos setores da economia,” destaca Lincoln Fracari, CEO da China Link, maior empresa de soluções de importação do Brasil, sediada em Santos, no Litoral de São Paulo.
Modernização na indústria
O comércio entre Brasil e China atingiu o patamar histórico de US$ 157,5 bilhões em 2023, de acordo com o Mapa Bilateral de Comércio e Investimentos Brasil-China, e agora, com o fortalecimento de parcerias em manufatura e automação de produção, abre-se um novo caminho para a modernização industrial do país.
Segundo Lincoln, esse estabelecimento de investimentos chineses em fábricas e indústrias no país também traz a perspectiva de um aumento da competitividade e uma elevação expressiva na eficiência das indústrias locais. Além disso, até a geração de empregos também é estimulada, mesmo em empreendimentos majoritariamente controlados por empresas estrangeiras.
“A melhor maneira de beneficiar o insumo nem sempre é por meio do acordo, mas em si com o próprio Governo Federal dando algum benefício fiscal. Porém, quando as indústrias brasileiras recebem insumos ou tecnologias de ponta, como as da China, elas se tornam mais competitivas no mercado internacional, com custos reduzidos e maior eficiência”, completa Fracari.
Com isso, os benefícios fiscais e a redução do custo de importação de insumos tecnológicos são pontos cruciais, que impactam diretamente o consumidor final e setores como, por exemplo, e-commerce e pequenas e médias empresas (PMEs), especialmente em um país com altos impostos sobre o consumo.
“Reduzir o custo do importado faz toda a diferença. No entanto, não vai haver nenhuma grande mudança causada após os acordos, em relação a isso. Essas negociações visam mais colocar o Brasil em destaque para investidores chineses. Mesmo sem grandes incentivos locais, o foco em infraestrutura e tecnologia pode abrir oportunidades importantes, evidenciando o compromisso de ambos os países em modernizar setores estratégicos e criar oportunidades mútuas de desenvolvimento”, pontua o CEO.
A ausência de novas barreiras tarifárias e o fortalecimento da parceria sino-brasileira contrastam com as políticas protecionistas de outros países, como os Estados Unidos. Essa relação projeta o Brasil como um destino atrativo para investimentos chineses, com reflexos positivos na economia nacional.
“O Brasil tem se posicionado como um parceiro-chave para a China, especialmente diante de possíveis sanções norte-americanas que podem impulsionar ainda mais a dependência chinesa de países emergentes. Essa situação é uma oportunidade única para o Brasil se destacar no cenário global, mas exige preparo estratégico das nossas empresas,” avalia Lincoln.
Ainda nas questões que envolvem política internacional, segundo Lincoln, apesar do Brasil ter aprovado apenas algumas partes do acordo para uma entrada na Nova Rota da Seda, há uma possibilidade futura para a entrada do país no cinturão comercial, que é projeto global liderado pela China, com o objetivo de promover conectividade econômica e infraestrutura entre a Ásia, Europa, África e outras regiões.
“Se depender das relações diplomáticas atuais de Brasil e China, isso é uma possibilidade bem grande. Não vai existir um momento mais propício, macroeconômico que esse, que dê tantas oportunidades para o Brasil desenvolver uma própria Rota da Seda, uma ferrovia que ligue o oeste do Brasil talvez a um Porto do Peru, um porto no Chile, que aproxime ou ganhe velocidade no transporte entre Brasil e China”, analisa o executivo.
Faça um comentário