“ As pessoas vivem além das suas possibilidades  e não tem consciência sobre isso”

Especialista dá dicas de como sair do vermelho e de como não voltar a ter dívidas

Endividar-se é um verbo conjugado diariamente pelas famílias brasileiras. Para se ter uma ideia, o último Mapa de Inadimplência e Renegociação de Dívidas do Serasa apontou que o Brasil atingiu 71,9 milhões de famílias endividadas – um total de 44,9% de lares no País.

Essa realidade acontece principalmente pela combinação de cinco fatores, segundo Resende Neto, CEO da BS Tecnologia, mentor, treinador e empreendedor ativo, que já prestou assistência para mais de 300 pequenos e microempresários da Baixada Santista, por intermédio de consultorias, mentorias e palestras.

O primeiro item da lista está nos gastos excessivos e falta de controle financeiro. “Muitas vezes, as pessoas gastam mais do que ganham, vivendo além de suas possibilidades. O principal erro aqui é não estabelecer um orçamento adequado, não controlar os gastos e não ter consciência sobre suas limitações financeiras”, explica.

A falta de planejamento financeiro, sem estabelecer metas, não poupar e não ter um plano para pagar dívidas são erros comuns, de acordo com o especialista.

O uso inadequado de crédito também é outro complicador. “Fazer compras impulsivas com cartões de crédito sem considerar a capacidade de pagamento integral é um erro significativo, assim como acumular dívidas de juros altos por meio de cartões ou empréstimos sem uma estratégia de pagamento pode levar a uma situação financeira difícil”

A falta de conhecimento sobre educação financeira e como gerenciar adequadamente o dinheiro pode levar as pessoas a tomar decisões prejudiciais. “Não entender os conceitos básicos de economia pessoal, como juros compostos, planejamento de longo prazo e investimentos pode resultar em más escolhas financeiras”, completa.

Por fim, as mudanças inesperadas nas circunstâncias financeiras, motivadas por perda de emprego, doença ou emergências familiares, podem levar ao endividamento quando as despesas superam a capacidade de pagamento. “Não ter uma reserva ou um plano de contingência para essas situações é um erro comum”, aponta Neto.

Como sair do vermelho

Assim como muitos procuram se planejar fisicamente para o verão, há também aquelas pessoas que esperam sair do vermelho até dezembro, de modo a começar o novo ano sem antigos problemas financeiros.

“O tempo necessário para que uma pessoa saia do vermelho pode variar, dependendo da gravidade da dívida e dos recursos disponíveis. Sair do vermelho até o final do ano pode ser um objetivo desafiador, mas é possível com um planejamento cuidadoso e comprometimento”, afirma o especialista.

Para isso, é necessário avaliar a situação financeira, fazendo um inventário completo das dívidas, despesas e receitas. “Analise suas contas, salários, empréstimos pendentes, despesas fixas e variáveis. Isso ajudará a entender a magnitude do problema e a estabelecer metas realistas”, recomenda.

A criação de um orçamento mensal detalhado com base nas receitas e despesas é o passo seguinte, identificando áreas onde é possível reduzir gastos e cortar despesas desnecessárias e priorizando o pagamento das dívidas.

“Entre em contato com os credores para discutir opções de pagamento, possíveis renegociações de dívida ou planos de parcelamento. Muitas vezes, as instituições financeiras estão dispostas a encontrar soluções que ajudem os devedores a pagarem suas dívidas”, lembra Neto.

Priorizar a quitação de dívidas de juros mais altos é o melhor a fazer nestes casos, pois elas podem acumular-se rapidamente. “Pagar mais do que o mínimo exigido ajudará a reduzir o valor total da dívida ao longo do tempo”.

Para que a tarefa seja mais facilitada, aumentar a renda é uma providência, buscando um trabalho extra ou vendendo itens que não precisa mais. E, combinado a isso, a disciplina durante todo o processo, evitando novas dívidas e mantendo o foco no objetivo de sair do vermelho.

“Embora seja possível fazer progressos significativos até o final do ano, a velocidade de recuperação depende de fatores individuais. Certas dívidas podem exigir mais tempo para serem pagas. Lembre-se de que a jornada para sair do vermelho pode ser desafiadora, mas com perseverança, planejamento adequado e compromisso, é possível alcançar a estabilidade financeira. Considere também buscar orientação de um profissional financeiro para ajudar a desenvolver uma estratégia personalizada para sua situação específica”, observa o especialista.

Como não voltar ao vermelho

Tão importante quanto sair das dívidas é manter-se distante delas. E há estratégias para que isso aconteça, de acordo com Resende Neto.

Manter um orçamento equilibrado e detalhado, registrando todas as receitas e despesas mensais, ajudará a pessoa a ter uma visão clara de como o dinheiro está sendo utilizado e a tomar decisões financeiras mais consistentes.

Priorizar a economia e a criação de reservas, separando uma porcentagem da renda mensal para isso, é algo que vem à reboque, assim como evitar novas dívidas desnecessárias. “Avalie cuidadosamente antes de tomar qualquer decisão de compra a prazo e considere se é realmente necessário ou se pode ser adiado até que você possa pagar à vista”, recomenda o especialista.

Manter o estilo de vida em conformidade com a renda atual e evitar tentações de gastar mais do que ganha é fundamental, aprendendo a diferenciar desejos de necessidades, de modo a fazer escolhas financeiras conscientes.

Cultivar hábitos de poupar é uma prioridade. “Estabeleça metas de poupar de curto e longo prazo, e destine uma parte de sua renda para contribuir regularmente para essas metas. Isso ajudará a criar uma mentalidade de poupador e a construir uma base financeira sólida”, explica Neto.

Em meio a isso, aprender sobre finanças pessoais e investimentos é fundamental para evitar o retorno ao endividamento, assim como cultivar uma mentalidade positiva em relação ao dinheiro, evitando comportamentos impulsivos, focando em um estilo de vida sustentável financeiramente e evitando comparações com os outros, concentrando-se nas próprias metas e prioridades com relação ao dinheiro.

“Lembre-se de que evitar o retorno ao endividamento é um processo contínuo que requer disciplina e comprometimento. Esteja atento às suas finanças, ajuste seu estilo de vida quando necessário e mantenha-se fiel aos seus objetivos financeiros. Com o tempo, você estará no caminho certo para uma vida financeira mais estável e livre de dívidas”, lembra o especialista.

Seja o primeiro a comentar

Faça um comentário

Seu e-mail não será publicado.


*