Especialistas expõem opiniões consensuais sobre perspectivas do Turismo para a região

Cultivar o sentimento de pertencimento à região da Baixada Santista na população local, unir forças para trabalhar de forma integrada e sinérgica, resolver os gargalos de logística e criar um ambiente de segurança jurídica para atrair investimentos estão entre os principais desafios da região destacados pelos especialistas que participaram do 4º encontro da série de debates promovidos pelo Movimento Inova Região Metropolitana da Baixada Santista, voltado ao segmento do Turismo, no Palácio das Artes, em Praia Grande, com a participação de diversas autoridades da região, integrantes do trade turístico e de interessados da sociedade civil em geral.

Anfitriã do evento, representando o prefeito Alberto Mourão, afastado de suas atividades por recomendações médicas, a vice-prefeita Maura Lígia saudou os participantes, ressaltando que o Movimento Inova-RMBS percebeu a necessidade de envolver a sociedade nas discussões sobre os rumos que a região deve seguir para a retomada do desenvolvimento econômico e conseguiu a participação efetiva da comunidade acadêmica e de setores da sociedade civil, como empresários, sindicalistas e gestores públicos.

O secretário de Turismo do Estado, Vinícius Lemmertz, foi representado por Ana Clemente, que destacou as ações do governo para estreitar o trabalho conjunto com os municípios, como os incentivos ao setor da aviação para o aumento da conectividade entre as regiões paulistas e estados vizinhos. Clemente anunciou que finalmente, após anos de discussões, o Selo Metropolitano, que visa facilitar a circulação dos turistas pelos roteiros turísticos regionais, deve ser efetivamente implantado. Afirmou ainda que “é muito bom poder contar com uma base de dados como esta do Inova, neste momento em que o Estado está criando um Centro de Inteligência e Estudos”.

Sob a mediação da professora Simone Cardoso, coordenadora do segmento de Turismo do Inova, o painel foi aberto com a palestra da presidente da Agência de Desenvolvimento do Turismo de Santa Catarina – Santur, Flavia Didomenico, que apresentou o modelo inovador de governança implantado no seu estado, dividido em 13 regiões turísticas e focado no desenvolvimento sustentável e na Rede de Cidades Criativas. Segundo Flavia, o governo trabalha pela integração dos modais aéreo, rodoviário e marítimo, essenciais para o desenvolvimento do fluxo turístico; na busca de novos mercados e no fortalecimento dos segmentos diversos. “Nosso maior gargalo é a infraestrutura, principalmente as estradas”, pontuou. A presidente da Santur alertou para a necessidade de se trabalhar com ações transversais. “As atividades turísticas só se desenvolvem quando há essa conectividade como a que o Inova está promovendo”, frisou.

INTEGRAÇÃO E FOCO – Alexandre Nunes Affonso, diretor da NNA Santos, que foi um dos coordenadores do Plano Diretor Regional de Turismo, lançado há 17 anos, lamentou que a maior parte das propostas não tenha saído do papel. Para ele, a região tem um potencial imenso de atrativos, mas falta integração e sinergia entre os nove municípios da região, além de maior ousadia por parte do empresariado. “Temos as duas primeiras vilas do país, uma riqueza histórica e cultural enorme, 161 quilômetros de praias espetaculares, cachoeiras deslumbrantes, turismo rural, turismo náutico, aldeias indígenas. Porém, o próprio morador da região não conhece a maioria desses atrativos. Como pode oferecer uma boa receptividade aos turistas?”, questionou. Affonso ressaltou que ainda há muitas coisas a serem descobertas e compartilhou sua receita para o desenvolvimento do setor: “Temos que nos irmanarmos e usar a inteligência. Não podemos agir como o pato, que anda, nada e voa, mas não faz nada com excelência”, exemplificou. “Não podemos querer abraçar tudo. Temos que priorizar alguns segmentos e ter foco.”

Bacharel em Turismo, formado em Jornalismo e editor-chefe da Revista Nove, Diego Brígido observou que a região tem muitas questões a resolver nesse campo. “Temos problemas de logística, de infraestrutura, de capacitação/qualificação, de sinergia entre os atores do Turismo, e cada um (Poder Público, iniciativa privada e sociedade civil) precisa entender qual é o seu papel nesse contexto”, avaliou. Disse perceber uma postura passiva do empresariado, esperando que o Poder Público resolva problemas que lhe cabem enfrentar. E que a população precisa ter a compreensão da importância do turista para a economia local, por movimentar uma cadeia de mais de 50 atividades. “O vendedor de sapatos, o funcionário da farmácia, da ótica têm que entender que o turismo é importante para a sua vida, porque, mesmo que não trabalhem diretamente com o turista, os recepcionistas de hotéis, garçons, corretores de imóveis, vendedores ambulantes são moradores que trabalham e consomem nestes comércios”, lembrou. Na sua avaliação, a marca Costa da Mata Atlântica, lançada em 2003 pelo Santos & Região Convention Visitors Bureau para divulgar a região como destino turístico,  não vingou porque o morador não foi envolvido, não participou dessa escolha e não se sentiu pertencente. “Esse é o nosso maior desafio, criar essa sensação de pertencimento no morador”, sentenciou.

Após as explanações, os palestrantes responderam a perguntas dos professores Márcia Célia Galinski, Thiago Rodrigues Schulze e Wellington Paixão Corrêa, que foram os debatedores do painel, além de questões colocadas pela plateia. Os vídeos deste e dos demais encontros estão disponíveis no site inovarmbs.com.br, onde também podem ser acessados outros registros e a agenda das próximas atividades.

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