Praia Grande se manifesta contra instalação de pedágios durante  audiência pública estadual

Equipe técnica entregou à Artesp relatório com impactos e documento com reivindicações

Praia Grande participou nesta sexta-feira (18) da Audiência Pública  Híbrida nº 01/2023 sobre o Lote Rodovias do Litoral Paulista, do  Governo do Estado de São Paulo, que, dentre outras ações, prevê a  instalação de novos pedágios na Rodovia Padre Manoel da Nóbrega. Na  ocasião, a prefeita Raquel Chini foi representada pelo secretário  adjunto de Planejamento, Juliano Fornazari,, e pelo secretário de  Transportes, Leandro Avelino, que oficialmente se manifestaram contra  a ação.

Durante a audiência, Praia Grande entregou para a mesa diretora,  composta por equipe técnica da Agência de Transporte do Estado de São  Paulo (Artesp), incluindo o diretor geral da agência, Milton Roberto  Persoli, relatório com os impactos que a decisão pode causar para a  Cidade, seus moradores e turistas, assim como também para os demais  municípios do Litoral Sul. Os representantes praia-grandenses também  entregaram ofício com reinvindicações de melhorias.

O principal impacto do Lote Litoral Paulista diz respeito à  implantação de dois pórticos de pedágio no perímetro urbano do  Município na SP-055, que vai da Curva do S cruzando outros municípios  do Litoral Sul. Com isso, os moradores de Praia Grande seriam afetados  economicamente pela cobrança de tarifa para transitar por estes  trechos. Embora na Via Expressa Sul não tenha a previsão de pedágio,  ela também pode ser afetada pela concessão caso ela se concretize, em  especial com grandes congestionamentos.

Outro fator negativo apontado pelos técnicos está relacionado à  mobilidade urbana, uma vez que o edital prevê, no trecho da Padre  Manoel da Nóbrega, o fechamento parcial ou total de cinco acessos e  fechamento parcial de dois retornos. A medida sobrecarregaria a malha  viária, inclusive de vias internas, dificultaria o acesso aos bairros,  e poderia até mesmo inviabilizar a implantação do BRT (sigla para Bus  Rapid Transit) na Cidade. Isso porque o projeto do Governo do Estado  desconsidera o sistema viário vigente no Município e prevê a  implantação de mão dupla em alguns trechos das marginais da Via  Expressa Sul, as Avenidas Ministro Marcos Freire e Doutor Roberto de  Almeida Vinhas, sendo que por esta última passaria o BRT, não sendo  compatível a instalação de duas mãos de direção. Trechos da Avenida  Diamantino Cruz Ferreira Mourão, marginal à Rodovia Padre Manoel da  Nóbrega também passariam a contar com mão dupla.

Dentre as solicitações feitas no ofício entregue por Praia Grande à  Artesp está a suspensão do edital da Consulta Pública n° 01/2023; a  suspensão da instalação de pórticos de pedágio na SP-055, Rodovia  Padre Manoel da Nóbrega; execução de passagens para veículos leves e  transporte coletivo na altura dos Bairros Caiçara/Imperador,  Real/Princesa, Flórida, Solemar/Cidade da Criança; garantir a  implantação do BRT, construindo sua faixa de passagem; elaboração de  estudo de origem e destino; entre outros.

Durante a audiência pública, o secretário adjunto de Planejamento,  Juliano Fornazari, destacou que as tratativas do Estado com os  municípios envolvidos não ocorreram como deveriam. “Em Praia Grande,  as marginais e ciclovias já estão prontas então já se sabe que o  trânsito vai todo para as vias municipais. O que a Prefeitura quer é  que o Estado entenda qual

será a consequência disso. O edital prevê o  fechamento de sete acessos da via, o que isolaria muitos bairros e uma  rodovia é feita para integrar e não segregar. Tem que saber como  funciona a dinâmica de mobilidade da Cidade antes de intervir nela.  Tem que respeitar o comércio local, respeitar a população, respeitar o  direito das pessoas de irem e virem. Tudo isso precisa estar no estudo  e não somente uma análise financeira”, destacou.

O secretário de Transportes de Praia Grande, Leandro Avelino, que  também é coordenador da Câmara Temática de Mobilidade Urbana e  Logística do Conselho de Desenvolvimento da Região Metropolitana da  Baixada Santista (Condesb) também levantou questões relacionadas ao  tema. “Depois de 15 meses de estudo envolvendo todas as prefeituras da  Região, foi elaborado o Plano Regional de Mobilidade e Logística  Sustentável e em março foi entregue para o Estado esse material. E,  ainda assim, não consideraram o Plano Regional quando elaboraram o  edital do Lote Litoral Paulista, porque não levaram em consideração o  projeto do BRT que é o futuro da interligação do transporte público  entre os litorais sul e norte, especialmente entre Peruíbe e Praia  Grande”.

A prefeita de Praia Grande, Raquel Chini, já se manifestou contrária  ao Lote Litoral Paulista nos moldes do que foi proposto no edital.  “Além do aspecto financeiro, teríamos impactos de circulação pela  Cidade e até mesmo de sobrecarga em alguns serviços públicos como a  saúde, dependendo da localização em que estiverem. Entendo que o  Governo do Estado deve ser transparente e claro nas tratativas com os  municípios. Por isso, nosso grupo de trabalho está acompanhando  atentamente o andamento deste processo”, concluiu.

O Sistema Rodoviário do Lote Litoral Paulista compreende trechos das  rodovias SP-055, SP-098, SP-088, SPA-291/055, SPA-344/055 e Rodovia  Evangelho Pleno, e atravessa treze municípios do Estado de São Paulo:  Miracatu, Pedro de Toledo, Itariri, Peruíbe, Itanhaém, Mongaguá, Praia  Grande, Santos, Bertioga, Biritiba-Mirim, Mogi das Cruzes,  Itaquaquecetuba e Arujá.

Novas audiências – A audiência pública ocorreu no auditório do  Departamento de Estradas de Rodagem (DER), na Avenida do Estado, nº  777, 5º andar, São Paulo, e uma das solicitações feitas pelos  presentes, representando os treze municípios afetados, é que novas  discussões sejam agendadas pelo Estado presencialmente nas cidades,  permitindo que a população participe e opine no trabalho que está  sendo proposto.

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