
Para o diretor Shawn Levy e o astro Ryan Reynolds, trabalhar no novo filme Netflix O Projeto Adam foi uma ótima oportunidade de homenagear grandes clássicos dos anos 80, como De Volta para o Futuro e ET: O Extraterrestre. Reynolds revela que essa foi uma experiência “muito especial” para a dupla, que também produziu o filme de ação e aventura.
Antes da estreia do filme no dia 11 de março, Levy e Reynolds contam por que fazer O Projeto Adam foi uma experiência tão especial e explicam o interessante processo de criação da dupla.
Shawn e Ryan, O Projeto Adam é a segunda colaboração criativa de vocês, após Free Guy: Assumindo o Controle. Como vocês decidiram unir forças novamente?
Shawn Levy: Desde que nos conhecemos em Free Guy: Assumindo o Controle, ficou claro que eu e Ryan tínhamos uma sintonia criativa incrível, não só na relação entre ator e diretor, mas também como produtores. Gostamos de pegar um projeto e pensar em maneiras de melhorar aquilo. Somos intensos e mergulhamos de cabeça no trabalho. Acabamos ficando muito próximos, viramos irmãos.
Ryan Reynolds: Quando terminamos Free Guy: Assumindo o Controle, nossa primeira pergunta foi: “O que podemos fazer em seguida?”. Um dia, David Ellison, o CEO da Skydance, entrou em contato dizendo que queria me encontrar e acabou aparecendo na minha porta, em Nova York. Ele me deu um script e nós conversamos sobre a história por um bom tempo. Teve uma ideia que me chamou a atenção antes mesmo de eu ler o script e ela evoluiu perfeitamente durante as gravações do filme. O Projeto Adam era perfeito para a gente: bem diferente de Free Guy: Assumindo o Controle, mas ainda tinha aquela qualidade de campeão de bilheteria que agrada ao grande público que a gente adora.
O que chamou a atenção de vocês nessa história?
Levy: O que me atraiu foi a ideia de perdoar os erros do passado. E se você, já adulto, pudesse voltar no tempo e perdoar a sua versão mais jovem? Perdoar seus pais por coisas que eles fizeram e, na época, você não conseguia entender o motivo? Como seria se você tivesse a chance de se reconectar com eles, mas agora com toda a sua bagagem de vida e maturidade? Muitas vezes, quando pensamos nos nossos pais, lembramos de uma versão criada por nós mesmos. Ou os idealizamos ou os vemos como os vilões da nossa própria história. Geralmente, eles não são nem uma coisa nem outra.
Reynolds: Esse filme me tocou de modo muito pessoal. Meu pai faleceu há alguns anos e, por muito tempo, eu contei para mim mesmo essas histórias sobre ele que me ajudavam a entender meus defeitos e limitações. Quando entendi que essas histórias eram apenas a minha versão dos fatos, percebi que a raiva que eu estava sentindo do meu pai não era por ele ser um cara ruim ou ter vacilado comigo como filho, mas por ele ter morrido. Eu estava com raiva da morte dele. Acabei achando muito interessante ver o meu personagem, Adam, ter a chance de voltar ao passado e reencontrar o pai, não só enquanto ele estava vivo, mas também quando os dois tinham a mesma idade. Por um momento, eles se veem como iguais, não como pai e filho.
Como foi trabalhar nesse script, considerando que essa história mexe com vocês de modo tão íntimo?
Levy: Eu e o roteirista Jonathan Tropper nos conhecemos na casa de Ryan, em Nova York. Lá, nós três passamos muitas horas falando sobre as relações com os nossos próprios pais e sugerindo ideias para nos aprofundarmos em certos pontos da história ou torná-la mais divertida. Logo de cara, nos concentramos no tema universal das relações entre pais e filhos. Examinamos como os filhos sentem raiva de seus pais, mas não conseguem se tornar realmente felizes até perdoá-los por serem pessoas de carne e osso.
Reynolds: Eu adorei a ideia de que nos convencemos de certas coisas para poder enfrentar o mundo. No processo, descobrimos que somos uma excelente equipe de roteiristas. Foi uma experiência tão maravilhosa que eu adoraria poder voltar no tempo e curtir aquilo tudo de novo. Foi como estar em uma versão meta dos tempos em que eu brincava de bola com meu pai no quintal. Criar uma história pode ser algo enlouquecedor, mas o tempo que passamos juntos foi realmente mágico.
Levy: Ryan colocou muito de si nessa história. Tem uma cena linda entre o personagem dele e sua mãe, interpretada por Jennifer Garner. Esse momento é, na verdade, uma expressão intensa dos próprios sentimentos de Ryan com relação à mãe dele que vai deixar o público sem palavras. Ao mesmo tempo, nos divertimos muito com ideias e escapismos como: e se quando um soldado de outra época morresse, ele explodisse e virasse o equivalente a uma balinha digital, tipo um Skittles virtual? Não seria o máximo?
No que vocês se inspiraram durante a criação de O Projeto Adam?
Levy: É uma homenagem aos filmes nostálgicos dos anos 80, tipo os da produtora Amblin. Para mim, essas produções são a epítome do que um filme deve ser: cheio aventuras, desejos realizados, além de engraçado e emocionante. Eu acho que a indústria cinematográfica chegou a um ponto em que ou o filme é entretenimento escapista puro ou uma produção com ideias originais e sentimentos profundos que impressionam o público. Mas os filmes clássicos que amamos, como De Volta Para o Futuro e ET: O Extraterrestre, têm tudo isso.
Reynolds: Nostalgia é a droga mais legal do mundo e esse filme é inspirado nesses clássicos em que a narrativa é superpositiva, com uma atmosfera mágica, cheia de comédia, alegria e momentos bem emocionantes. Além de terem um componente incrível de ação e aventura. Ter a oportunidade de fazer um filme como esse, apesar de não ser fácil, valeu muito a pena para nós dois por todos os motivos pessoais que já mencionamos. Particularmente, eu não fiz muitos filmes que tenham retratado a minha própria vida da maneira como acontece com O Projeto Adam.
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