Pesquisa em Guarujá busca avaliar impacto de poluição do ar para gestantes

Uma pesquisa em andamento na região portuária de Guarujá está investigando os graves efeitos da poluição atmosférica na qualidade de vida de populações vulneráveis. O projeto realizado pela Universidade do Oeste Paulista (Unoeste) – campus Guarujá, em parceria com a Prefeitura de Guarujá, por meio da Secretaria do Meio Ambiente e Segurança Climática (Semam), foi iniciado em 2023, com crianças e idosos, e busca agora a participação de gestantes para completar a fase final de sua pesquisa, que se estenderá até junho de 2026.

O objetivo do estudo é dimensionar o problema para que haja o financiamento de políticas públicas de mitigação dos impactos provocados pela poluição no meio ambiente e na saúde coletiva. A pesquisa abrange áreas diretamente expostas à atividade portuária, como os bairros Sítio Conceiçãozinha, Jardim Conceiçãozinha e Jardim Boa Esperança. Para fins de comparação e controle, também estão sendo coletados dados em uma área afastada do porto, o Balneário Perequê, bairro localizado entre as Áreas de Proteção Ambiental Serra de Santo Amaro e Serra do Guararu.

O desafio do estudo de coorte em gestantes

Desde 2023, os alunos do curso de Medicina da Unoeste têm acompanhado crianças e idosos para analisar como a exposição contínua à poluição do ar afeta a saúde respiratória, cardiovascular e a qualidade de vida. Em 2024, a pesquisa foi expandida para incluir gestantes, mas essa etapa enfrenta desafios significativos.

O acompanhamento de gestantes é feito por meio de um estudo de coorte, o que significa que as participantes são monitoradas ao longo de toda a gestação. Esse formato é crucial para entender a curva de desenvolvimento fetal e como a poluição atmosférica pode influenciar a saúde da mãe e do bebê em diferentes estágios.

A ampliação do projeto contou com a articulação entre a universidade e secretarias estratégicas da Prefeitura. Para isso, a Semam instituiu um grupo de trabalho intersetorial, promovendo o alinhamento entre áreas como Saúde e Educação. Essa integração fortaleceu a viabilidade e o alcance da pesquisa, como explica o secretário de Meio Ambiente e Segurança Climática:

“A gente tem revisado os projetos em andamento com muito cuidado, sempre pensando na melhor forma de aplicar os recursos públicos. A pesquisa sobre poluição atmosférica, feita em parceria com a Unoeste, é uma iniciativa muito relevante. O que propusemos foi uma revisão nos critérios de amostragem, para que as coletas se adequem à realidade operacional do Município e possam ser realizadas com mais eficiência”.

O secretário da pasta destaca ainda que se trata de uma construção coletiva. “Por isso, criamos um grupo de trabalho intersetorial dentro da Semam, fortalecendo o diálogo entre a universidade e outras secretarias, como Educação e Saúde. Esse alinhamento tem sido fundamental pra garantir que a pesquisa avance e traga benefícios concretos pra população”, considerou.

A coordenadora do Núcleo de Pesquisa e Extensão da Unoeste, Marceli Rocha Leite, fala sobre a dificuldade em recrutar gestantes para o estudo. “É um projeto desafiador, pois as gestantes precisam participar da pesquisa desde o início da gestação, e também é fundamental que elas voltem em outras consultas”, enfatiza a docente. Os pesquisadores buscam entender detalhadamente como a exposição a poluentes pode impactar o desenvolvimento fetal, o peso do bebê ao nascer e outros indicadores de saúde materna e infantil.

Um futuro de políticas públicas e qualidade de vida

A expectativa é que, ao final da pesquisa, em junho de 2026, os resultados levantados e divulgados sirvam como base para a implementação de políticas públicas efetivas relacionadas ao meio ambiente e à saúde. O objetivo é que as informações coletadas possam contribuir com ações que melhorem a qualidade do ar e, consequentemente, a qualidade de vida da população local.

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