Automedicação dificulta o diagnóstico de doenças mais graves, revela especialista

Pesquisa realizada pelo Instituto de Ciência, Tecnologia e Qualidade (ICTQ) mostra que 9 em cada 10 brasileiros se automedicam

Tomar um analgésico por conta própria quando se tem uma dor de cabeça, sintomas de resfriados ou até mesmo aquela pontada nas costas já virou um hábito do brasileiro, alerta o Instituto de Ciência, Tecnologia e Qualidade (ICTQ). Segundo uma pesquisa realizada pela instituição, 9 em cada 10 brasileiros se automedicam, especialmente mulheres, pessoas economicamente ativas e com um maior nível de instrução (ambos gêneros).

Por mais que tomar algum remédio sem prescrição médica ainda seja comum, o Dr. Marcelo Bechara, clínico geral e cirurgião, indica que o uso recorrente pode ser um problema. “A automedicação diária pode camuflar um sintoma mais persistente, alguma condição mais grave. Então, só aliviar a dor é tratar a consequência e não a causa”, aponta.

Ainda, segundo o estudo, com a facilidade de acesso à informação, 68% das pessoas conseguem obter orientações sobre doenças e seus tratamentos mais rapidamente e, inclusive, conseguir remédios que obrigatoriamente necessitam de receita.

E o Dr. Bechara confirma esse dado. Para ele, a internet é um dos maiores concorrentes em diagnósticos médicos. “Os pacientes pesquisam em buscadores com frequência. Agora, com a inteligência artificial, complica ainda mais a situação. Muitas vezes o paciente chega com diagnóstico, feito por ele mesmo e está totalmente errado. Esses programas não sabem interpretar um exame associado ao quadro clínico, por exemplo”, comenta o especialista.

Além das dores rotineiras, os brasileiros também recorrem à prática para transtornos como ansiedade, insônia, estresse e perda de peso.  Para essas questões, medicamentos mais fortes são utilizados, podendo causar danos permanentes, como a dependência psicológica e o vício químico.

“Para as dores intensas, o uso de opioides pode viciar, se propagando pelo cérebro em uma ação semelhante às substâncias das bebidas e cigarros, mas com capacidade de vício muito maior. Isso acontece porque, ingeridos por um período prolongado, os remédios podem causar a farmacodependência”, adverte Dr. Bechara.

O especialista enfatiza também que, para o controle, é importante saber qual remédio é indicado para determinada condição e tomar na dose certa pelo tempo necessário, principalmente para ajudar na promoção da saúde e até a economizar nas finanças.

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