Pesquisa indica que funcionários brasileiros são mais infelizes e menos engajados; especialista explica

De acordo com o especialista em Gestão Empresarial Rogério Martins, da LGK-Fundação Dom Cabral, engajar o funcionário é uma tarefa complexa que tem que ser pensada de acordo com a cultura e o negócio da empresa

O brasileiro é pouco engajado com o trabalho e infeliz. É o que constatou a pesquisa ‘The Happiness Index’, realizada pela Pluxee, bandeira de cartões de benefícios. Com os dados de 23 mil funcionários de empresas no Brasil, o estudo aponta que o índice nacional de felicidade é de 7,3, abaixo da média global de 7,6.

Em um dos pontos abordados pela pesquisa, a falta de engajamento no trabalho, no qual o Brasil pontuou com 7,1, bem abaixo da média mundial de 7,9 pontos.

Para o especialista em Gestão Empresarial e CGO da LGK-Fundação Dom Cabral, Rogério Martins, manter os funcionários engajados é um desafio antigo quando se trata da gestão de uma empresa, e que se tornou mais difícil com o advento do home-office, que cresceu durante a pandemia da covid-19: “Com o trabalho remoto, vem se perdendo o contato com os colegas e isso tem afetado profundamente o senso de pertencimento e alinhamento com a cultura organizacional da empresa”, diz.

No entanto, o especialista afirma que a exigência da volta aos escritórios como forma de aumentar o engajamento e melhorar a produtividade pode ter efeitos negativos: “Esse tem sido um dos motivos que têm gerado infelicidade em quem se adaptou bem ao formato remoto. Em resumo, não é uma tarefa fácil e tem que ser pensada de caso a caso, de acordo com a cultura e o negócio de cada organização”, afirma Martins.

Mais velhos, mais felizes

De acordo com o estudo, é visível a diferença de satisfação no trabalho entre as gerações mais velhas e as mais jovens. Estes, na faixa entre 19 e 30 anos, apresentam um índice de felicidade e engajamento em 6,7, puxando a média nacional para baixo.

Já entre os trabalhadores de 31 a 40 anos, a média é de 7,2; Os entrevistados na faixa de 41 a 50 atingiram a pontuação global de 7,6; Funcionários entre 51 e 60 anos, ultrapassam a média mundial, com 7,8. A melhor idade, acima dos 60 anos, consegue atingir surpreendentes 8,1 pontos.

Rogério Martins atribui esta diferenciação aos interesses distintos que movem as novas gerações em comparação com as gerações mais antigas.

“Os mais velhos buscam estabilidade, previsibilidade e um bom pacote de benefícios. As gerações mais novas querem reconhecimento rápido, mobilidade, ausência de rotina, liberdade para colocar sua opinião e possuem uma certa dificuldade em lidar com hierarquia. Portanto, tanto as gerações mais novas quanto as empresas estão tendo que se adaptar a este novo cenário, mas esse não é um processo rápido. Faz-se exceção às startups, que já nascem em uma modelagem de negócio mais adaptada a essa nova cultura”, explica.

Valorização dos colaboradores

Segundo Martins, os funcionários são o grande ativo de qualquer organização. Por isso, trabalhar o ambiente organizacional, o clima e o perfil dos líderes é essencial para garantir a permanência do colaborador.

“Existem regiões do Brasil hoje em que temos o ‘pleno emprego’, ou seja, existem vagas, mas não existem profissionais para elas. Portanto, manter os colaboradores felizes em seus ambientes de trabalho será uma demanda cada vez maior para garantir a competitividade e perenidade do negócio em um cenário onde a mão de obra especializada está cada vez mais escassa”, finaliza.

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