Um levantamento realizado pelo Núcleo de Inovação e Tecnologias Digitais da Fundação Dom Cabral (FDC), em colaboração com a PwC Brasil, revela um crescimento, ainda que tímido, das inovações tecnológicas nas organizações no Brasil. O Índice de Transformação Digital do Brasil (ITDBr) médio em 2024 foi de 3,7, marcando um aumento de 0,4 pontos em relação ao índice de 3,3 registrado em 2023.
Oito das dez modalidades analisadas registraram aumento. Embora os resultados ainda sejam baixos e o nível de maturidade em inovação e tecnologia seja pequeno, os pesquisadores destacam aspectos positivos: o tema tornou-se mais relevante nas empresas.
A pesquisa, agora em sua segunda edição, revela que as empresas estão dando crescente importância às inovações digitais. No entanto, o ritmo de integração de novas soluções permanece lento, dependendo de uma governança eficiente e de estratégias alinhadas às realidades operacionais e de mercado.
O ITDBr, ou Índice de Transformação Digital Brasil, é uma iniciativa destinada a medir e avaliar o progresso da transformação digital nas empresas brasileiras. Este índice leva em conta diversos fatores, como a adoção de tecnologias digitais, a inovação em processos e produtos, e a capacitação de recursos humanos.
A Inteligência Artificial destacou-se no levantamento, agora em sua segunda edição, com um aumento expressivo de 2,4 para 3,6. No entanto, o crescimento foi ainda maior nos índices de Governança (de 2,9 para 3,9) e de Estratégia (de 3,7 para 4,1). De acordo com a pesquisa, esses resultados sugerem uma melhoria na percepção da necessidade de orientação estratégica e um planejamento mais eficaz nas organizações.
Mais da metade dos participantes entrevistados faturam acima de R$ 1 bilhão anualmente. Confira abaixo uma lista comparativa entre a primeira e a segunda edição do levantamento:
Categorias 2023 2024
Índice médio 3,3 3,7
Estratégia 3,7 4,1
Governança 2,9 3,9
Fronteira Tecnológica 2,3 3,9
Clientes Digitais 3,1 3,8
Processos Digitais 3,7 3,8
Inteligência Artificial 2,4 3,6
Infraestrutura 3,7 3,6
Pessoas e Cultura 3,4 3,6
Estratégia de Tecnologia 3,7 3,6
Decisões baseadas em Dados 3,9 3,5
Os pesquisadores constataram que a transformação digital tem um impacto significativo na capacidade operacional das empresas, no atendimento aos clientes e na experiência dos profissionais. Além disso, ela está fundamentalmente ligada a uma governança diferenciada, que envolve tecnologia e inovação.
Indústria
O setor da indústria também apresentou melhorias em todos os segmentos na comparação entre 2024 e o ano anterior, com destaque para Saúde e Proteção Industrial, que registraram os maiores aumentos. Por outro lado, as indústrias de Consultoria de Serviços e Agronegócio foram as únicas a permanecer na média geral.
Investimentos
No quesito investimentos, a maior parte das organizações entrevistadas (46,3%) adota uma abordagem mais cautelosa em relação às iniciativas digitais, optando por realizar apenas pequenos investimentos. Por outro lado, 40,3% reconhecem a importância das iniciativas digitais, enquanto apenas 13,4% consideram a transformação digital uma prioridade estratégica para o futuro.
Cultura e liderança
A pesquisa também concluiu que o indicador ‘Cultura e Liderança’ é a principal lacuna para o avanço da transformação digital nas organizações.
Quando questionados sobre a melhor definição da transformação digital em suas organizações, 16,5% dos participantes responderam com “tecnologias e ferramentas”, enquanto apenas 5,8% mencionaram “cultura e liderança”.
Sobre a pergunta “qual a melhor definição para o desenvolvimento de uma estratégia digital em sua organização?”, o indicador ‘Cultura e Liderança’ foi o menos citado, obtendo apenas 2%.
Para o CEO da LGK-Fundação Dom Cabral, Ricardo Langanke, a edição deste ano demonstra que as empresas brasileiras estão se esforçando para se modernizar digitalmente: “Em comparação com o ano passado, houve um progresso notável, especialmente em áreas como a inteligência artificial, que está se tornando cada vez mais relevante no cotidiano das empresas. Com a crescente digitalização, o índice serve como um guia para que as empresas identifiquem áreas de melhoria e oportunidades de investimento em tecnologia, promovendo um ambiente de negócios mais dinâmico e inovador”, conclui Langanke.
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