Gestores de modais debatem questões de logística e transportes que entravam desenvolvimento da região

Com a participação de três dos principais gestores dos modais de transporte rodoviário, aéreo e marítimo do Estado, o Movimento Inova – Região Metropolitana da Baixada Santista realizou na noite desta segunda-feira, dia 11, no Teatro Procópio Ferreira, em Guarujá, mais um encontro do ciclo de debates setoriais sobre os desafios para a retomada do desenvolvimento econômico da região, tendo como tema Logística e Transportes.

Anfitrião do evento, o prefeito Valter Suman enalteceu a iniciativa do Inova, de unir as forças vivas da sociedade neste trabalho para se chegar a um conjunto de planos de curto, médio e longo prazos que possam levar ao desenvolvimento econômico da Baixada Santista. Citou como potenciais da região “o porto pujante, que movimenta R$ 293 bilhões anuais, cerca de 14% do PIB do país; o primeiro polo industrial do país, associado à cadeia de petróleo e gás, e o turismo para serem trabalhados de forma integrada”.  Reivindicou investimentos do Estado na marginal da Rodovia Domênico Rangoni e em um pátio de estacionamento de veículos de carga para dar condições dignas de trabalho aos transportadores, estruturando as atividades retroportuárias. Cobrou uma definição rápida do debate entre ponte e túnel. Elogiou a medida do governador João Doria, de reduzir a alíquota do imposto do querosene de aviação, incentivando o desenvolvimento do setor. E citou alguns números para destacar a participação de Guarujá nas atividades portuárias: “Guarujá conta com 9 terminais portuários, 13 terminais retroportuários, 3 quilômetros de cais e gera diretamente 3.500 empregos na área”, destacou, entre outros dados, revelando otimismo também com relação ao breve início das atividades do aeródromo local.

O diretor de Planejamento, Gestão e Finanças do Departamento Aeroviário do Estado de São Paulo (Daesp), Ângelo Luiz Moreira Grossi; o diretor-superintendente da Ecovias, Ronald Marangon; e o presidente da Santos Port Authority (SPA), Casemiro Tércio Carvalho, traçaram um panorama regional do setor e trouxeram importantes contribuições ao debate, apresentando as perspectivas que se apresentam para a solução dos problemas que afetam o setor e representam um entrave ao desenvolvimento econômico.

Moreira Grossi defendeu as ações de expansão do tráfego aéreo no Estado, com a criação de novas modalidades de voos envolvendo cidades do Interior. “No curto prazo, podemos expandir bastante as modalidades de voos em pequenas aeronaves para promover a aviação regional”, opinou, lembrando as projeções que indicam uma demanda crescente para esse tipo de voo.

Marangon apresentou um retrospecto das grandes obras que a Ecovias realizou nos últimos 20 anos para reduzir os impactos dos gargalos existentes, como o anel viário de Cubatão e as obras da nova entrada de Santos, em andamento. Para o futuro, projeta combater o gargalo da Serra do Mar, aumentando a capacidade técnica do fluxo de veículos, possivelmente com a construção de uma terceira pista da Imigrantes. Ele também destacou o know how adquirido pela empresa no acionamento das operações descida e subida do Sistema Anchieta/Imigrantes para minimizar os congestionamentos provocados pelo grande volume de tráfego em horários de pico.

Tércio destacou a necessidade de se criar um ambiente propício à inovação, com a integração entre o Porto de Santos e as cidades circunvizinhas. Lembrou que as atividades portuárias têm um impacto econômico muito maior que o próprio turismo, que é uma das vocações da região. Defendeu o planejamento da expansão de áreas no entorno do porto para a criação de novas atividades retroportuárias de despacho de mercadorias, como já ocorre em Guarulhos e Viracopos. “Seremos o maior exportador de celulose do mundo”, apregoou. “Somos os maiores produtores de commodities do mundo, com nosso suco de laranja, açúcar, celulose, trigo…o Porto de Santos perdeu milhões de reais em receita no transporte marítimo de fertilizantes para o Porto de Paranaguá…precisamos resgatar esses recursos por meio de um ambiente de inovação”, pontuou. “Este é o nosso principal desafio”, completou. Outro dado interessante exposto pelo dirigente da Codesp é que 60% do movimento de comércio exterior de mercadorias do porto é destinado à China e 30% aos Estados Unidos.

O presidente da SPA também defendeu o projeto do túnel submarino para a ligação seca entre Santos e Guarujá, argumentando ser menos suscetível a acidentes que a ponte e citando exemplos de soluções aplicadas por países europeus. Já Marangon salientou que a Ecovias considera viável a construção da ponte, que poderia se adequar ao escopo do contrato de concessão, e não vislumbra como alternativa a construção do túnel.

O prefeito de Praia Grande, Alberto Mourão, ponderou que a construção de uma terceira pista da Imigrantes é prioritária e deve preceder a discussão do projeto túnel ou ponte, que teria um custo de bilhões de reais e não iria aliviar o fluxo de caminhões em direção ao porto. Mourão citou as consequências de se protelar essa decisão, como os grandes congestionamentos que travam o fluxo na alta temporada e em feriados, e as dificuldades de transbordo do lixo do litoral para o planalto, em determinadas circunstâncias, resultando em multas da Cetesb aos municípios. Ele considera a fluidez do tráfego essencial para alavancar o desenvolvimento. “Podemos perder a janela de oportunidades que temos de nos tornarmos um centro distribuidor. Precisamos começar já as articulações para construção dessa terceira pista”, defendeu.

Tercio alertou que não adianta termos mais uma pista com preços proibitivos de pedágio, que vão causar fuga desse transporte rodoviário de mercadorias para outros portos.

Em suas considerações finais, o mediador do painel, professor mestre Rafael Pedrosa, que é coordenador da equipe do segmento de logística e transporte do Inova RMBS observou que “convergir os interesses e opiniões difusas em prol do desenvolvimento econômico da RMBS é o grande desafio e é a isso que o Inova está se propondo”.

CEO do Complexo Empresarial Andaraguá, André Ursini, reforçou a importância da participação no evento da classe empresarial e dos setores de logística em geral como o portuário, aeroportuário, rodoviário, marítimo e ferroviário. “É a oportunidade de apontar as demandas, carências e deficiências que este segmento sofre na região para serem incluídos no relatório de pesquisa realizado pelo setor universitário que resultará no diagnóstico regional. Desta forma, será possível, com o apoio do empresariado da região metropolitana, que a Baixada santista possa junto aos governos do Estado e Federal apresentar um plano de desenvolvimento para os próximos anos”.

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